Polêmica causada em torno da música “Veja os Cabelos Dela”, lançada pelo humorista e cantor Tiririca no seu primeiro CD, “Florentina”, de 1996.
Considerada racista por entidades do movimento negro, a canção, que continha trechos como “Essa nega fede! Fede de lascar/Bicha fedorenta, fede mais que um gambá” e “Veja, veja, veja os cabelos dela,/ Parecem bombril de arear panela”, é objeto de análise de um processo cível movido pela associação carioca Crioula contra a gravadora Sony. Com apoio de outras nove entidades de mulheres negras, a Crioula acusa a Sony de veiculação de propaganda discriminatória e pede indenização de R$ 3 milhões para promover ações educativas contra o racismo e especialmente contra a discriminação de mulheres negras.
O primeiro alvo da Crioula foi Tiririca, processado pelo Ministério Público na época. Apesar de ter tido vários shows cancelados, CDs apreendidos e a execução de suas músicas proibida, o cantor conseguiu ser absolvido porque alegou que sua mulher era negra e que ele próprio era mulato.
“Ele foi absolvido porque é uma pessoa de poucas luzes, então desconsideraram o fator criminal, mas a Sony Music não vai ter essa colher de chá”, avisa o advogado da Crioula, Humberto Adami, que preside o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara).
Apesar do pedido de indenização de R$ 3 milhões, a decisão do juíz na primeira instância foi de que 10% do valor, R$ 300 mil, seriam suficientes para colocar em prática as ações pretendidas pela Crioula.
Com 13 anos de atuação, a associação acredita que, independentemente da responsabilidade de Tiririca, a Sony se beneficiava com a venda dos discos do humorista.
“A representação feminina negra é muito malfeita e nós achamos que esse tipo de conduta mostrada pela música leva, por exemplo, à discriminação das crianças negras na escola e ao entendimento de que a mulher negra não passa de objeto sexual”, explica a coordenadora de projetos do Crioula, Lúcia Xavier
FONTE: Estadao
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