A alegria – em alguns casos o alívio – da aprovação no Exame da Ordem trazem a sensação do dever cumprido, de meta alcançada. Por outro lado, profissionais do Direito lembram que, agora, é preciso enfrentar o importante de desafio de construir uma carreira sólida.
Ricardo Giuliani, advogado e professor universitário, revela que, após a aprovação, o bacharel vai se deparar com a realidade “nua e crua” e deve orientar as escolhas profissionais sempre priorizando os assuntos que gosta, levando em conta as suas aptidões.
“Costumo dizer que a ‘área promissora’ é aquela que fazemos melhor, ou seja, fazemos melhor o que nos realiza pessoal e profissionalmente. Quem trabalha ‘para ganhar dinheiro’ não trabalhará bem e, por conseqüência, o fracasso profissional será iminente.”, salienta.
Quanto à dúvida de começar como autônomo ou tentar uma oportunidade em um escritório já estabelecido, o advogado Marco Antonio, coordenador do preparatório da OAB do Complexo Damásio de Jesus, lembra que, no início da carreira, alguns advogados podem ter dificuldades para conseguir clientes e os grandes escritórios são uma alternativa.
“Se o advogado não tem experiência e ainda não formou uma boa carteira de clientes, o melhor caminho é iniciar suas atividades em um grande escritório. Isso vai permitir que ele adquira experiência, conheça a dinâmica forense e possa, no futuro, se decidir pela atuação de forma autônoma.”, explica.
Procurador na cidade de São Paulo, Leo Vinicius Lima, também vê na opção por escritórios estruturados uma alternativa para conseguir uma certa estabilidade financeira e experiência profissional. No entanto, Giuliani alerta para o risco do advogado se converter em “mão de obra barata”, mas reconhece que, em alguns casos, não há outras alternativas.
Os três são unânimes quanto a importância de se manter uma rotina de estudos. Eles ensinam que os advogados não devem abandonar os livros porque a constante atualização é indispensável para o exercício profissional e essencial caso, no futuro, opte-se por concursos públicos.
Antonio considera que a pós-graduação é um bom caminho para quem planeja prestar concursos, quando feita na modalidade de lato-sensu, pois o candidato se aprofunda nos assuntos mais relevantes da área que deseja seguir e, quando cursada a strictu sensu, permite a escolha pela carreira acadêmica.
Sobre sua experiência profissional, Lima comenta que sempre teve como foco a carreira pública e, por isto, a opção pelos estudos foi uma escolha acertada: “Tracei um plano de ‘longo prazo’, procurando manter a rotina de trabalho/estudo. Depois de aprovado, nunca parei de estudar, dedicando meu tempo livre as atividades academicas. Hoje posso dizer que sou profissionalmente realizado”.
Porém, Giuliani deixa o alerta de que, independente da escolha profissional, o sucesso está intimamente ligado à dedicação e à decisão de fazer o que gosta e não o que aparentemente for a mais vantajoso.
Por Paulo César Pastor Monteiro - Última Instância
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